Fraternidade Sem Fronteiras

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Resgatando dignidade de vidas

 

Entrevistamos o Dr. Ernane Virgílio Fernandes, cirurgião dentista de Franca, que faz parte do projeto Fraternidade Sem Fronteiras há 04 anos, uma ação totalmente do bem, que vem fazendo a diferença na vida de muitas pessoas. Vamos conhecer este trabalho, onde cada um de nós pode fazer parte.

Terceiro Setor – Como surgiu a Fraternidade Sem Fronteiras?
Dr. Ernane – A Fraternidade Sem Fronteiras nasceu da cidade de Campo Grande/MT, onde o presidente, que se chama Wagner Moura, mas não é o ator da Rede Globo, é morador. Ele tem uma história interessante. É uma pessoa simples, que sempre quis ajudar. Um dia ele teve uma visão e foi para a África. Chegou a Moçambique e na própria capital Maputo, já viu a realidade da cidade. As pessoas acham que no Brasil existe pobreza, mas só que lá é miséria. Há uma diferença muito grande entre pobreza e miséria. Onde realizamos os trabalhos, que são lugares longe da capital, as pessoas vivem “o hoje”. Por onde passamos, encontramos situações onde crianças comem espigas de milho secas e ficam mastigando por horas, quando nascem as mandiocas retiram a casca e comem e, se não acham coisas para comer, pegam folhas de uma árvore, quando não encontram folhas, pegam algumas sementes que encontram de restos de espigas de milho e amassam com um pilão até virar uma massa e comem, e não tem gosto de nada, porém, dá uma sensação de saciedade. Eles vivem uma humanidade muito grande uns com os outros. Dividem o mínimo que tem, são humanos demais. Cuidam uns dos outros com muito amor. Os irmãos mais velhos cuidam dos mais novos. O Wagner, então, do jeito que ele imaginou acontecer, conheceu em Moçambique um garçom. O mesmo o levou para sua região a 300 km, chamada faixa de Gaza de Muzumuia, onde já teve muitas guerrilhas também. A primeira aldeia da Fraternidade Sem Fronteiras foi fundada em Muzumuia. Depois, há 20 km dali, a segunda foi na Aldeia da Barragem, onde tem muito crocodilo e rinoceronte. Então, ninguém pega água na barragem por causa desses animais que são perigosos demais. Só vivenciando mesmo no lugar para ver e saber das necessidades deste povo. A gente não precisa de muita coisa pra viver, eles não têm nada. Se você vê lá, eles não têm fogão a gás, não tem colchão, não tem panelas, garfo, faca, prato, copo, esquece. Roupa, a do corpo praticamente. Chinelos poucos têm sapatos então… A água que eles tomam, se você ver a cor e onde eles buscam; Luz, esgoto, nada. Isto é a África em geral. De ponta a ponta.

Terceiro setor – Como faz para ser um colaborador do projeto?
Dr. Ernane – A Fraternidade tem projeto em Moçambique, com 26 aldeias e atende 9.800 crianças lá. O projeto funciona assim: Com R$ 50,00 mensais, você apadrinha uma criança. Para a criança entrar, nesta “creche-escola”, precisa de um padrinho. Com este valor ela tem direito a uma refeição por dia prato de arroz e feijão apenas, de segunda a sexta feira; noções de higiene e escola.

Terceiro setor – Qualquer
pessoa entrar neste projeto?
Dr. Ernane – Sim. Os únicos requisitos que são exigidos: 1º que você não beba e nem fume; 2º Que tenha apadrinhado uma criança aqui. Mesmo que não tenha profissão alguma, você pode ajudar levando a sua boa vontade, alegria, brincadeiras, música, amor. Quando vou para lá, já fui 04 vezes, todas as despesas foram por minha conta. A ONG disponibiliza o transporte e um chip para o celular pelos 10 dias que vai ficar, dormindo no chão, sem luz, não tem água e você toma banho de caneca. O Reynaldo Gianechini é padrinho do projeto. DJ Aloc acabou de voltar de lá. Eu pediria que apadrinhassem as crianças de Madagascar, onde está começando o projeto.

 


Terceiro setor – Como funciona o seu atendimento?
Dr. Ernane – Ficamos embaixo de uma árvore bem grande, os cajueiros, pega umas mesinhas que a ONG já adquiriu, colocamos as pastas de dentes e escovas, que ganhamos aqui. As crianças fazem filas, escovo os dentes delas, que levam a escova e a pasta para casa. Só que o tubinho de pasta, no mesmo dia, a criança come tudinho. O atendimento funciona em círculo, pois tem outros profissionais. Enfermeiro começa pela pesagem, depois passa pela medição, depois passa pelo médico para ver se tem algo na cabeça e no cabelo, sempre tem algo na cabeça, depois passa por um gráfico, e quando está saindo, passa pelo dentista, após, uma pessoa já dá um comprimido de vermífugo e depois vão para a doação de roupas, todos com uma senha.

 


Terceiro setor – O que você gostaria de deixar de mensagem para os nossos leitores?
Dr. Ernane – O que eu posso falar, em termos de ONG, que se não fosse tão transparente e tão honesto, eu não teria ido 04 vezes à África, com o meu próprio dinheiro. Eu não fui lá pelo turismo e nem para passear. Outra coisa que eu falo em termos de ser humano: Você sai daqui como gente e volta como ser humano. Independente da nação, raça ou cor, é um só povo, uma só nação.

 


 

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