Colunistas | Camilla Barato de Melo | “Zangá pra miorá.”

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Itirapuã:- Meu avô paterno, sr. Durval, tinha uma expressão antiga que dizia assim: “ Tem coisas que tem que zangar para melhorar”. Ele adorava nos exemplificar citando uma mulher de bobs no cabeleireiro ou fazendo faxina em casa com os móveis fora do lugar, um pedreiro fazendo reforma no imóvel ou ainda um mecânico desmontando um motor.

Essa semana caminhei calmamente por um grande mercado e observei o quanto não nos damos conta da importância das outras pessoas ao nosso redor e não valorizamos pequenas coisas do nosso dia-a-dia. As prateleiras sempre abarrotadas de produtos diversos e os stands de frutas e verduras agora dão lugar a um vazio que fala muito alto… naquele momento pensei no agricultor que plantou, cuidou e colheu, levantou na madrugada para carregar e assim fazer com que seu produto chegasse até nós, fresco e bonito; pensei em muitos empresários que estão sendo afogados pela avalanche diária de impostos e impostos e mais impostos recheados de absurdos burocráticos… pensei em quantas pessoas saíram cedinho de casa com suas marmitas para em fábricas dos mais diversos tipos produzir, embalar e nos enviar todo tipo de alimento, o que nos seria entregue através de um motorista em seu caminhão que deixou a sua família em casa e se arriscou pelas estradas desse nosso imenso país para abastecer nossas casas e alimentar nossos corpos; esses chamados caminhoneiros que com sua “ausência no trabalho” mostraram sua importância e coragem. Me questiono o porquê de sua desvalorização: porque não trabalham de terno de gravata? Porque não frequentaram 3, 4, 5 anos de um curso técnico ou superior? Porque seu local de trabalho não tem endereço fixo?

A atual situação, proposta e iniciada por esses caras se encaixa (a meu ver) perfeitamente na expressão do meu avô e, além de nos dar uma chance ímpar de “faxinar” nosso país, nos mostram que somos um ciclo e que SIM, dependemos uns dos outros (e aqui nos fizeram enxergar que aqueles que os criticam certamente não tem as preocupações diárias dos relés mortais, não tem somente um botijão de gás, não vivem de salário mínimo ou compram com vale-alimentação, mas tem suas despensas abarrotadas e condições de buscar figos secos em Dubai caso for preciso) e de quebra nos deram uma grande lição: dinheiro não é tudo! Quantas pessoas hoje têm o dinheiro pra comprar, mas não consegue adquirir o que quer…

Que a lição que esses senhores caminhoneiros estão nos dando não nos seja esquecida: que sejamos corajosos como eles, sem se aproveitar, sem explorar… Que rezemos por eles e por nós e principalmente que tenhamos orgulho do país que estamos reformando e queremos deixar para os nossos filhos.

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